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Bolaño e 2666

Caetano Araújo - Julho 2020
 


Uma nota pessoal

Havia lido a obra pela primeira vez em 2017 e terminei minha releitura nestes dias de quarentena. Lembrei-me de uma amiga, Raquel Parrine, que está terminando uma tese de doutorado na Universidade de Michigan sobre o livro, e pedi a ela algumas indicações.

Na troca de mensagens, Raquel me deu várias informações importantes e muitas sugestões de leitura que ainda não fiz ainda, com exceção do discurso pronunciado por Bolaño em Caracas, onde foi receber o prêmio Rómulo Gallegos, em 1999. Considero estes comentários, portanto, impressões da leitura de um nativo do mundo de Bolaño: América Latina, baby boom, guerra fria, maio de 68 e queda do muro.

Em síntese, soube pela Raquel que a tradução para o inglês foi um enorme sucesso de vendas nos Estados Unidos, de impacto comparável ao boom latino que se seguiu a Cem anos de solidão, em 1969. Que a notoriedade internacional do autor é, portanto, póstuma. Que a polêmica em torno da descoberta de um sexto volume do livro não faz sentido, porque Bolaño, obcecado por um conjunto de temas e personagens, descartou diversos escritos para chegar à fórmula dos cinco livros. E que seria imprescindível ler o discurso de Caracas.

O discurso é magistral. Assinalo apenas dois aspectos que me parecem relevantes para nossa conversa. Primeiro, nomeia Cervantes como principal inspiração (possivelmente seguido de Borges, para ele a melhor prosa em castelhano escrita fora da Espanha). Segundo, porque homenageia a própria geração, que, por um projeto político, nas suas palavras, utópico e equivocado, enfrentou a prisão, o exílio e a morte.

Minha primeira impressão

Faço um parêntese pessoal. Terminei a primeira leitura com a convicção de ter lido a obra da passagem do século. O livro encerra a discussão dos grandes temas da literatura do século XX (a dinâmica da arte e das vanguardas, o colapso do projeto de revolução, as aporias da democracia) e abre a discussão da agenda do século XXI: alteridade, desmoronamento dos pactos fundamentais entre gêneros e gerações, o distanciamento progressivo da verdade na abundância cada vez maior de informação.

Com o discurso e os resumos biográficos do Google, ficou claro para mim o quanto tinha em comum com o autor. Morei em Buenos Aires entre 1964 e 1971, de modo que, além da mesma idade, ambos tínhamos passado por um exílio latino, no meu caso muito compensador. Daí talvez uma distribuição semelhante de preocupações políticas ao longo do tempo. Mais ainda, nos anos de formação, fomos expostos aos mesmos hits editoriais, fonográficos, cinematográficos e televisivos. No mesmo idioma e, no caso dos livros, nas mesmas edições, uma vez que a política das grandes editoras era a publicação simultânea em Madri, Buenos Aires e México DF. Zero coincidência, portanto, na minha identificação com autor e obra; Bolaño é meu irmão. Como diria o Batman dos anos sessenta, santa ingenuidade!

Lembro alguns dos ecos desses hits que percebi no livro. A minúcia na descrição do sexo lembra-me Henry Miller (os dois trópicos e a trilogia Sexus, Plexus, Nexus, o último de 1960). O debate sobre alta cultura e a dinâmica da vanguarda bebe, a meu ver, em Umberto Eco (Apocalípticos e Integrados, de 1964). Finalmente, os irmãos Negrete me parecem a personificação das reflexões de Gramsci, popularizadas pela obra de Althusser (Para Ler o Capital e Pour Marx, de 1965 e 1968) sobre os aparelhos ideológicos e repressivos do Estado. Um é reitor, outro chefe de polícia; um é alto e magro, outro baixo e atarracado; parecem diferentes, mas no fundo fazem as mesmas coisas; seriam sacerdotes da lei e da ordem, mas, na sociedade invertida de Sonora, são CEOs do caos e do crime.

2066 e a obra anterior

Claro que Raquel tem razão ao mencionar a obsessão de Bolaño por temas e personagens. Antes de 2666 havia lido apenas O Espírito da Ficção Científica, Putas Assassinas e Detetives Selvagens. Neste romance, os detetives protagonistas também peregrinam até a fronteira em busca de uma escritora misteriosa. Personagens dos dois livros têm a oportunidade de degustar o raro mezcal Los Suicidas. Olegário Cura Expósito, Lalo Cura, partilha o apelido e o trocadilho com um dos personagens de Putas Assassinas. Almafitano aparece em outros livros. E claro certamente há muitas outras relações e repetições.

Estrutura

Cinco volumes, cinco linhas narrativas, compõem o livro, cada qual composto por fragmentos que vão de duas linhas a mais de vinte páginas. Contei apenas o número de fragmentos do primeiro livro, 142. O resultado pode ser comparado a um quebra-cabeças, com um grau mais elevado de complexidade. No quebra-cabeças, as peças mantêm relação direta com as adjacentes. No livro, cada fragmento pode ter relação com diversos outros do mesmo volume ou dos demais. A leitura exaustiva deveria, a rigor, começar por posicionar todos os fragmentos dos cinco livros em duas coordenadas e assinalar as relações recíprocas entre eles. Uma obra matricial, ou, talvez, no vocabulário de hoje, em rede.

O tema

Minha hipótese é: o grande tema da obra é o Ocidente num momento de crise. Ocidente aparece como espaço, tempo e suas tradições definidoras.

Espaço

O espaço é desenhado no trânsito dos personagens. A Europa é palmilhada, por Archimboldi, na guerra e na paz, e, depois, pelos archimboldianos, nos congressos literários. Fate cruza a América do Norte, enquanto faz sua arqueologia da militância negra. O centro da ação se passa no México, mas a parte austral do continente também aparece. Almafitano é chileno e personagens outros viajam duas vezes, com intercalo de 50 anos, para Buenos Aires, espécie de antípoda de México DF. No total, duas metades, velho e novo mundo, este último também dividido entre a anglofonia da América do Norte e Oceania e a outra América, ibérica, que "aún cree em Jesús Cristo y aún habla en español", como disse o poeta.

Uma metade e dois quadrantes, mas a fronteira entre os quadrantes é na verdade uma falha geológica, na qual o choque das placas tectônicas nas profundezas manda constantemente terremotos para cima, para Sonora, terra do narcoestado, onde o feminicídio corre solto.

Tempo

Aparecem no romance alguns marcos temporais importantes. Primeiro, a internet, na verdade a venda de livros pela internet, é mencionada. Segundo, meses antes de partir para o México, Fate encontra, nas ruas de Nova Iorque, a manifestação do grupo de militantes radicais islâmicos negros, portando cartazes com o rosto de Bin Laden. Ou seja, Fate viaja meses depois do atentado das torres gêmeas, em algum momento de 2002 ou 2003.

A data do atentado é relevante, primeiro porque sinaliza o fim do período de otimismo que se seguiu à queda do muro de Berlim. Segundo, porque, uma vez que Bolaño morreu em 15 de julho de 2003, é possível que, como na ficção científica e no Pentateuco, parte da ação transcorra depois da morte do autor. A obra não fala só do presente, mas é aberta para o futuro e a cara do futuro é a distopia.

A tradição: literatura

Ocidente é espaço, tempo e tradição; e a primeira forma da tradição que aparece no romance é a literária, representada pela figura de Archimboldi. As evidências dessa identificação são muitas. Olhos de cego remetem a Homero, o ponto zero. A obra de Archimboldi aborda a Europa, o espaço (Rios da Europa), o tempo (São Tomás) e as diferenças nacionais (romance polonês, inglês e francês). É reconhecido como grande autor por acadêmicos que representam quatro grandes tradições literárias nacionais da Europa, Itália, Ibéria, França e Inglaterra. Há uma quinta tradição presente, de forma diferenciada, a russa. Mas, neste caso, a relação é de influência literária. Archimboldi, único leitor dos apontamentos de Boris Anski, toma dele a decisão de escrever, o pseudônimo e, possivelmente, a crítica da revolução.

O pseudônimo é também revelador. O prenome, Benno, não se refere a Mussolini, chefete bárbaro, mas a São Bento de Núrcia, fundador dos beneditinos no século V, Pai da Europa. Quem diz isso é Bulbis, o editor democrata judeu, o monge do século XX, que, como os antigos, reproduz livros para resistir aos bárbaros. Finalmente, o sobrenome, Archimboldi, vem, pelas mãos de Anski, do pintor italiano do século XVI, que fundia os gêneros retrato e natureza morta. Nos seus quadros as mesmas pinceladas mostram mãos e rostos, pepinos e rabanetes. Como se as mesmas palavras tivessem o poder de mostrar a realidade aparente e a subjacente, o mundo fenomenológico e o mundo quântico. Um elogio e tanto à literatura.

Archimboldi é mostrado como o maior escritor de sua geração. Muito superior aos contemporâneos, como Günter Grass e Heinrich Böll, é o único capaz de ombrear com os gigantes da geração precedente, da era de ouro das letras germânicas: Thomas Mann e Kafka, Döblin e Musil.

A tradição literária europeia aparece como trama de influências. Grandes obras são dádivas, como tal são recebidas, assimiladas e retribuídas. A partir do século XIV, a Cristandade leu Dante; do XVI, Rabelais e Camões; do XVII, Montaigne, Cervantes e Shakespeare; e do XVIII, Goethe.

O desenho do ponto dessa trama, do ciclo completo, é ilustrado por um episódio que liga ficção e realidade. Em 1929, o escritor Alfred Döblin publica Berlin Alexanderplatz, lido no mesmo ano pelo personagem Boris Anski. A retribuição de Anski é, como ghost writer, uma importante obra de ficção científica; como autor, uma coleção de apontamentos biográficos que, ao invés de publicados, foram escondidos. Mesmo assim, encontram um leitor e acionam nele o gatilho da criação. O ciclo se completa e o dom inicial da literatura alemã é a ela retribuído.

Apontamentos são fragmentos, o meio da composição de 2666. Fica a ilusão de que a influência de Boris Anski atravessa Archimboldi e chega até Bolaño.

A tradição: vanguarda

A dinâmica da vanguarda preocupa os personagens. Almafitano monta, no seu quintal, o ready made de Marcel Duchamp. As trajetórias do poeta espanhol e do pintor inglês ocupam pedaços grandes da narrativa. A conclusão parece ser que, como nos oráculos da antiguidade, nos trabalhos das vanguardas as revelações aparecem misturadas com a loucura e o transe, acompanhadas pela pitada moderna do charlatanismo.

A tradição: filosofia e política

A tradição do Ocidente tem outra face, filosófica e política. Essa face é apresentada de forma resumida nos seis desenhos e na lista de Almafitano. São produções curiosas. Os desenhos são feitos em estado de consciência, mas de forma automática. A lista foi escrita em estado de sonambulismo. Como em Freud, a irreflexão e o automatismo são garantia de autenticidade. Tudo se passa como se Almafitano fosse o paciente, e o leitor o analista. Vemos o trabalho revelador da livre associação e do sonho, até mesmo seguidos da primeira interpretação do paciente.

Neles aparecem os nomes relacionados aos grandes temas do livro: os marcos da tradição, os grandes nomes das luzes, os teóricos da democracia e os pensadores da revolução. Mas também a crítica da revolução (Kolakowski) e a análise das ameaças à democracia (Canetti).

Os temas: a revolução

A crítica à revolução é o cerne dos escritos de Boris Ansky. Se esses apontamentos refletem a trajetória política de Bolaño, expressam a transição da ideia trotskista da revolução traída para uma percepção mais ampla, que incorpora também a dimensão de uma revolução traidora de si. No fundo, o reconhecimento do fato de o empreendimento bolchevique haver substituído o projeto original de revolução por outro, assemelhado, também de raiz iluminista, de engenharia social.

Os temas: a democracia

A descrição do cotidiano de Santa Tereza mostra aos poucos, em vislumbres, o funcionamento real das instituições em situação de contrato social falsificado. Cidadãos entregam parte importante de suas liberdades, mas os soberanos não entregam a segurança prometida de volta. Pelo contrário, governantes formam o sindicato do crime, organizado em torno do objetivo do lucro, para o qual todos os governados são apenas meios.

Prefeito, policiais, reitores, todos estão no conluio, que administra uma extensa gama de negócios ilegais, do narcotráfico à produção de filmes que somam pornografia e assassinato.

Na conhecida passagem de Hobbes, a vida no estado de natureza é breve e miserável. Mas na faixa do México que bordeja os Estados Unidos a situação é pior. Podemos compará-la, recorrendo a outro dos nomes dos desenhos de Almafitano, à hipótese que Descartes refuta no começo do Discurso: fomos criados por um Deus malévolo e malicioso, ocupado em nos enganar todos os dias. Na fronteira mexicana, as teorias da conspiração ultrapassam os limites da paranoia e tomam conta da realidade.

Ou, nas palavras do famoso criminalista americano que cruza com Fate perto da fronteira, não há solução para o que ocorre do outro lado. Todos precisam abandonar a área. Como num acidente nuclear, a evacuação completa e permanente seria a única saída.

Alteridade: o judeu

Claro que o judeu, o decano dos outros do Ocidente, aparece no livro. Judeus são Bulbik e Ansky, mas judeus são também os passageiros do trem da morte, assassinados a prestações pelo prefeito que os recebe por um engano burocrático. Aqui a narrativa remete a Brecht, ponto de interseção entre os temas da revolução e da alta literatura alemã. No argumento do poeta, num mundo corrompido, a bondade é impossível e todo cidadão respeitável é um canalha. E Archimboldi aplica ao prefeito a solução preconizada por Brecht.

Alteridade: o negro

Fate percorre seu país para fazer a arqueologia da militância negra. Intelectuais negros, de Harry Belafonte a Angela Davis, afluem ao partido comunista? Normal, afinal nas sociedades segregadas a bandeira do universalismo caiu no colo dos comunistas. Parte da militância envereda para métodos violentos de ação direta? Podemos discutir o método, mas a pauta ainda reivindica as promessas da modernidade, está, portanto, no horizonte das luzes. Militantes desfilam pelas ruas de Nova Iorque carregando retratos de Bin Laden? Alerta vermelho, a globalização aconteceu, as forças do regresso estão em marcha.

Alteridade: o imigrante

No mundo globalizado, o outro do Ocidente, o estopim da insegurança e o medo das massas, alvo do nacionalismo, da xenofobia e do autoritarismo é o estrangeiro, na forma do imigrante, legal ou não, e do refugiado. O episódio que narra a dimensão desses conflitos é o linchamento que os críticos literários impõem em Londres ao taxista paquistanês.

Os pactos entre gêneros e gerações

No mundo peculiar da fronteira há pleno emprego, masculino e feminino. No entanto, apesar disso ou justamente por essa razão, o machismo se mostra mais agressivo e letal. Não é a economia, portanto.

A depreciação das mulheres transparece no discurso, nas piadas machistas que policiais contam obsessivamente e no funcionamento das instituições. Afinal, não há mulheres em posição de responsabilidade política ou empresarial, com duas exceções: uma deputada e, ironia, a diretora do manicômio.

Mas a ruína de um pacto possível entre gêneros, inspirado nos valores democráticos do iluminismo, emerge dos relatos repetidos do feminicídio sistemático praticado na região. Centenas de mulheres são mortas a cada ano na fronteira, algumas poucas vítimas da violência de maridos e companheiros. A grande maioria, contudo, cai nas redes do crime organizado e morre conforme roteiro padronizado, com violência sexual extrema, que aponta para a indústria criminosa de filmes pornográficos, com cenas de sexo e assassinato explícitos.

No fundo, essa é a forma contemporânea, exacerbada e meticulosamente organizada, da violência sexual histórica exercida contra as mulheres, no México e na América Latina. O estupro foi e é recorrente, assim como suas consequências imediatas, a gravidez e o nascimento de coortes de crianças marcadas pelo abandono paterno. A quebra do pacto entre gêneros resulta na quebra do pacto entre gerações.

O personagem síntese dessa situação é Olegário Cura Expósito, Lalo Cura, a loucura. Filho, neto e bisneto de mulheres violentadas e de homens ausentes. Na tradição ibérica, Expósito, exposto, é o nome dado às crianças abandonadas na roda, a janela giratória dos conventos construída para garantir o anonimato dos abandonadores. Embora não tenha pai, Lalo tem padre, cura, no nome.

Informação e verdade

O argumento geral diz que informação e verdade guardam uma relação inversa. Quanto mais informação disponível, mais distante e oculta fica a verdade. Ou, em outras palavras, quando a informação sobra, a metade vazia do copo sobressai e apaga em nós a percepção da metade cheia.

O princípio é afirmado na literatura. Não devemos pensar que as obras medianas constroem uma tradição e abrem o caminho para as obras-primas. Na verdade, as obras medianas camuflam as grandes obras e dificultam o acesso a elas. O mesmo pode valer, com maior razão, para a crítica literária. O trabalho do crítico não revela, mas oculta o sentido da obra de arte.

O princípio também se aplica a toda informação sobre a vida coletiva cotidiana. A montanha de informação sobre as mulheres assassinadas nada nos diz a respeito da razão das mortes, tampouco do mecanismo que levou a elas. Mas, no acúmulo de dados, se olhamos com atenção, percebemos vislumbres da verdade, na forma de um quebra-cabeças incompleto.

Argumento semelhante é desenvolvido nas teorias sociológicas sobre a sociedade de risco. Nosso conhecimento sobre os riscos que nos ameaçam cresce em velocidade muito superior ao conhecimento sobre os meios para prevenir essas ameaças. A área entre as duas curvas, o lugar da nossa insegurança e do medo, aumenta inexoravelmente, à medida que acumulamos conhecimento.

É a reversão do otimismo iluminista, resumido no lema positivista: conhecer para prever, prever para poder.

O título

A revolução está morta e a democracia não passa muito bem, sofrendo sob o peso de aporias que parecem insolúveis. A alteridade permanece um problema grave para nós, conforme evidência abundante. Os pactos fundamentais que deveriam fundamentar as relações entre gêneros e gerações desmoronam. Vivemos a disponibilidade crescente de informação e não sabemos bem o que fazer com ela. Todas as linhas em direção ao futuro apontam para o pessimismo.

Interpreto nessa perspectiva o título do romance. 666 designa o evento, o fim dos tempos. 2 é o dígito identificador do milênio. O conjunto significa que, embora a humanidade não tenha tido sucesso em acionar o gatilho da destruição no primeiro e no segundo milênios da era comum, do terceiro não passaremos.

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Sociólogo, diretor da Fundação Astrojildo Pereira

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Confusão à esquerda
Werneck Vianna, um clássico moderno
Duas táticas da social-democracia

 






Fonte: Especial para Gramsci e o Brasil.

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